Crítica | Novo 'Meninas Malvadas' acrescenta um divertido toque musical, em uma história já conhecida - Engenharia do Cinema
Originalmente previsto para ser mais uma adição de catálogo do Paramount+, foi direcionado para os cinemas por conta do vácuo de lançamentos em decorrência das greves em Hollywood. “Meninas Malvadas” não é necessariamente um reboot do sucedido longa de 2004, estrelado por Lindsay Lohan e Rachel McAdams. Mais uma vez escrito por Tina Fey, trata-se de uma adaptação direta da sucedida peça da Broadway, de 2017 (que foi inspirada no filme original).
Em um primeiro momento, pensamos que este era o típico projeto onde tudo poderia dar errado. Seja pela forçação de barra em alguns elementos ou até a inserção de situações para o usuário do Twitter bater palmas e comemorar arcos do politicamente correto terem sido inseridos neste enredo. Só que estamos falando de um roteiro escrito por Tina Fey, e nitidamente, ela sabe realmente o que deve ser exercido nesta nova adaptação.
Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)
A história é literalmente a mesma, onde a jovem Cady Heron (Angourie Rice) se muda da Austrália para os EUA, devido a sua mãe (Jenna Fischer) ter arrumado um emprego melhor na terra do Tio Sam. No local, ela acaba sendo inserida no grupo da temida metida patricinha Regina George (Reneé Rapp). É neste cenário, que ela percebe que deverá agir se quiser conseguir sobreviver naquele ambiente e conquistar o coração de Aaron Samuels (Christopher Briney), ex-namorado da própria Regina.
Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)
Abrindo com uma divertida sequência musical envolvendo a própria Rice (que mostra um ótimo talento para cantar, além da atuação), sentimos que a pegada dos diretores Samantha Jayne e Arturo Perez Jr. é resgatar o estilo dos musicais da Disney, dos anos 2000.
Por um breve momento, somos transportados para uma época quando Zac Efron cantava em um Karaokê com Vanessa Hudgens, Rachel McAdams se gabava por vestir rosa e beijava Ryan Gosling na chuva e Lindsay Lohan trocava de corpo com Jamie Lee Curtis. É neste contexto que a criadora de “30 Rock”, quer nos levar com sua nova roupagem.
Como uma das principais vozes na indústria, Fey (que reprisa seu papel como a professora de matemática) possui vários amigos que aceitam sempre trabalhar com ela dentro do possível. Dentro deste fator, temos algumas participações especiais de John Hamm (“Top Gun: Maverick”) como o professor de educação sexual (que deveria aparecer mais); Jenna Fischer saindo do balcão de “The Office” e interpretando uma mãe pseudo-hippie; Busy Philipps (“As Branquelas”) fazendo mais uma sátira dela mesma e propositalmente roubando a cena de Reneé Rapp; e Tim Meadows voltando ao papel do diretor Duvall.
De fato, a atriz Reneé Rapp possui um ótimo talento para a música pop (embora a mixagem de som, durante a sua primeira música “Meet The Plastics”, não esteja boa), mas quando partimos para atuação é perceptível que ela tenta ao máximo copiar e satirizar o estilo de Rachel McAdams (que virou uma das grandes vilãs do cinema, na época). Mesmo repetindo seu papel na Broadway, chega a ser bizarro comparar diretamente as duas (mas é inevitável).
Diferente de Rice, que começou no cinema já roubando a cena de Ryan Gosling e Russell Crowe em “Dois Caras Legais”, com relação a Lindsay Lohan (que era apenas um rosto bonito da Disney, e teve sorte de estrelar “Operação Cupido” e “Sexta-Feira Muito Louca”) sua atuação é anos luz melhor. Ela transparece bem uma adolescente com seus problemas com garotos, timidez e outras coisas comuns da idade.
Com relação aos números musicais, eles são bem executados, mas não fogem do padrão do gênero, principalmente por se tratar de um projeto voltado para plataformas de streaming. Inclusive, já adianto que muitas destas são sempre executadas no mesmo ambiente (como nos corredores e refeitórios da escola onde a trama se passa), mas como as canções são boas, isso acaba sendo válido e gostoso de se acompanhar.
“Meninas Malvadas” é um divertido resgate de um gênero que está cada vez mais escasso nos cinemas, e fizeram bastante sucesso no passado: os musicais adolescentes.