Crítica | 'Nosso Lar 2' é infinitamente pior que o original - Engenharia do Cinema
Em 2010, “Nosso Lar” se tornou um dos maiores sucessos do cinema nacional. Com um público de 4 milhões de espectadores e uma renda de R$ 31,370 milhões, a produção de Wagner Assis adaptou o famoso livro escrito por Chico Xavier, com base nos argumentos do espírito de André Luiz. Lançado quase em conjunto com a cinebiografia de Xavier (que foi outro sucesso daquele ano), o filme foi um marco para o cinema espírita e posteriormente várias outras obras de sucesso foram lançadas.
Porém, sucesso não é sinônimo de qualidade. Como estamos falando de produções voltadas para um público em geral, que vão dos que raramente frequentam salas de cinema aos mais cinéfilos, temos filmes que funcionam com o famoso “ame ou odeie”. “Nosso Lar 2: Os Mensageiros” funciona neste mesmo paradigma.
Imagem: Star Productions (Divulgação)
A história é focada em um grupo de espíritos, liderados por Aniceto (Edson Celulari), que é mandado para a terra com o intuito de tentar concertar a história de três reencarnações que estão se desequilibrando e trazendo o caos as pessoas ao seu redor.
Imagem: Star Productions (Divulgação)
A história é basicamente a mesma dos outros filmes do gênero, onde temos uma história simples e que acaba com um plot-twist contendo uma lição de moral, que os próprios personagens acabam falando no final. Se fosse uma comédia, facilmente seria algo feito pelo Adam Sandler.
Enquanto o primeiro focava apenas na trajetória de André Luiz (Renato Prieto), que nos emocionava por conta de suas sutilezas, já que sua própria história apresenta um sinal de esperança para o espectador, em reencontrar pessoas que foram para o plano espiritual. Inclusive, ele chega até a aparecer aqui, mas em uma pequena participação.
O roteiro deste segundo (também assinado por Assis) parece uma verdadeira farofa, pois nitidamente enfrentou alguns possíveis problemas em sua produção (tanto que sofreu vários adiamentos), atores de peso como Edson Celulari, Fábio Lago, Othon Bastos e Fernanda Rodrigues, em atuações que parecem ter saído de uma peça de pré-escola. Faltou entrosamento, estudo e direção melhor por parte dos envolvidos.
Por incrível que pareça, o CGI deste filme consegue ser melhor que qualquer última produção da Marvel Studios! Embora às vezes fique nítido que não puderam ir mais além, por conta do orçamento, fica perceptível que conseguiram se virar com os poucos recursos que haviam nas mãos.
“Nosso Lar 2 – Os Mensageiros” pode ter consigo ótimos números de bilheteria, mas faltou um cuidado técnico melhor. É um gênero que ainda merece uma melhor abordagem por parte do nosso cinema. Uma pena, mesmo.