Crítica | O Poço 2 - Engenharia do Cinema
No começo da pandemia em 2020, a produção espanhola “O Poço” se tornou um dos grandes sucessos cinematográficos da Netflix. Com uma temática que remete ao comportamento humano diante de situações extremas, foi centro de vários debates nas redes sociais.
Obviamente que o serviço realizaria uma continuação, e novamente sob o comando de Galder Gaztelu-Urrutia (que agora também cuida do roteiro). Usufruindo do mesmo escopo, o roteiro passa a explorar novos protagonistas e situações diferentes.
A história gira em torno de Perempuán (Milena Smit) e Zamiatin (Hovik Keuchkerian), que acordam em um dos andares dos blocos onde diariamente passa uma plataforma com vários alimentos e eles possuem um tempo curto para conseguir degustá-los. As coisas começam a sair do controle, quando alguns andares resolvem passam a quebrar algumas regras.
Enquanto o original foi comprado pela Netflix, essa continuação foi totalmente desenvolvida pela plataforma. Perceptivelmente eles deram carta branca para Gaztelu-Urrutia apresentar uma trama diferente, mas apelando para pouca reflexão e mais pancadaria.
A começar que a produção se divide em dois atos. Durante os primeiros 40 minutos somos novamente levados para aquele cenário misterioso e já começamos a entender brevemente como ele funciona nos bastidores (ao contrário do antecessor).
Já no segundo ato, após a metragem citada, nos deparamos com um filme de ação divertido e que não exige muito da nossa mentalidade para extrair algo. Sim! Ele vira um longa de ação b, com uma leve pitada de slashers e uma violência ainda maior.
Por incrível que pareça ele consegue cumprir o que promete neste ponto, pois acabamos interessados na história de Perempuán e Zamiatin (cujos atores estão bem plausíveis em seus papéis). Ao abordar seus lados humanos, consequentemente desenvolvemos uma aproximação com eles.
Se existem conexões com o original diretamente, não falarei muitos detalhes para não estragar surpresas. Porém, adianto que se você não se recorda dele, reveja antes de embarcar neste segundo.
“O Poço 2” funciona como uma descompromissada continuação, onde serve para passarmos o tempo e nada mais.