Crítica | Todo Tempo Que Temos - Engenharia do Cinema
Em meio a um período de abstinência de romances e dramas das salas de cinema, “Todo Tempo que Temos” conseguiu ganhar um espaço por conta da presença dos astros Andrew Garfield (“O Espetacular Homem-Aranha”) e Florence Pugh (“Oppenheimer”). Assim como o recente “É Assim Que Acaba”, estamos falando de mais uma produção feita para emocionar os casais.
Após descobrir um diagnóstico de câncer em estágio três, a renomada chef de cozinha Almut (Pugh) passa a viver o máximo que pode com seu marido Tobias (Garfield) e a filha Ella (Grace Delaney).
O roteirista Nick Payne sabe que os tópicos abordados são bastante delicados, e existem dois caminhos possíveis. O primeiro é um novelão mexicano, com desenhos e diálogos que repetem constantemente o diagnóstico da protagonista e como seus familiares estão sofrendo. Sempre acompanhados de músicas conhecidas e que deixam mais clara a sensação de clichê.
Já o segundo seria bastante sucinto em sua abordagem, sem se repetir excessivamente, mas apelando para o famoso “vamos recordar as coisas alegres, mas não esquecer dos fatos”. Obviamente ele escolheu este.
Além de esbanjarem uma excelente química desde o primeiro minuto em cena, é perceptível que Pugh e Garfield fizeram a lição de casa antes do diretor John Crowley (“Brooklyn”) gritar “ação”. Enquanto a primeira sempre está com a cabeça erguida, ao mesmo tempo que a sua doença ainda tenta lhe derrubar, o outro sempre faz o melhor para ela se sentir feliz e esquecer que está em seus últimos momentos.
Um exemplo desta delicadeza, é em uma sequência onde Tobias e Almut estão em uma lanchonete para explicar a gravidade da doença desta, para a filha Ella. Além de colocar o espectador na pele do casal, a forma como ela é conduzida, reflete a mensagem da trama que é “viver cada dia de uma vez”.
“Todo Tempo Que Temos” não apela ao dramalhão para tirar lágrimas dos espectadores, mas sim pela sutileza humana dos seus protagonistas.