Curta documentário “Porta-Retrato” aborda, sob três diferentes aspectos, a aceitação de jovens LGBTQ+ da Baixada Santista - Engenharia do Cinema
O curta foi realizado como prólogo para o longa-metragem “Porto Seguro”, que tem a estreia prevista para o Santos Film Fest 2020
Um dos assuntos que vêm ganhando espaço nos últimos anos dentro da área cinematográfica é a causa LGBTQ+. Para dar mais voz a esse tema, o curta documentário “Porta-Retrato” traz, colocando em pauta, três histórias diferentes que buscam algo em comum: a aceitação e o auto-entendimento.
O curta nos apresenta a história de vida da cantora Maria Sil, do fotógrafo Andrey Haag e do estudante George Narciso. Os fatos sobre os personagens reais são apresentados ao público aos poucos: na primeira metade, os espectadores descobrem como (e quando) o trio soube que eram jovens LGBTQ.
“Nós temos a história de um jovem que foi expulso de casa depois que se aceitou, demorou a se aceitar e quando aconteceu, foi expulso de casa pela mãe; Temos uma que foi super bem recebida, a mãe disse que já sabia faz tempo e o acolheu muito bem e não teve nenhuma dificuldade de se aceitar. Então a proposta era mostrar vários ângulos, vários lados dessa mesma situação”, diz Eduardo Ferreira, diretor do curta. Para encontrar as três histórias, foram realizadas pesquisas e entrevistas com 30 pessoas durante três meses, com o apoio da FACULT – Apoio a Projetos Culturais Independentes do Município de Santos.
A segunda parte do curta mostra, sob a narrativa dos personagens, como cada família reagiu após a revelação. Como uma forma de aproximar o público, as histórias são contadas de forma alternada e combinadas entre si para montar a narração de forma linear. Nota-se que os principais enquadramentos usados são os planos: geral, médio e americano (quando mostra do peito para cima).
A fotografia do curta é um de seus pontos positivos, o público consegue captar a intenção do diretor por trás do nome “Porta-Retrato”. No curta, conforme os personagens contam suas histórias, imagens de fotografias de diferentes fases de suas vidas são mostradas em porta-retratos, o que traz familiaridade ao espectador. A trilha sonora contou com músicas da cantora Maria Sil, uma das personagens.
Após a sessão, que ocorreu na noite desta terça-feira (05/11) no Cine Roxy 4 do Shopping Pátio Iporanga, foi aberto um bate papo com a equipe do curta, mediado pelo jornalista Júnior Batista. Durante a conversa, Andrey Haag comentou que seu processo de aceitação foi muito pessoal. “Eu sofria muitas restrições. Eu decidi contar para a minha, eu queria que ela soubesse por mim, ao invés de ela escutar algum comentário. Foi nesse processo de conversa comigo mesmo e Deus que eu decidi parar de fingir quem eu sou”.
Já para Maria Sil, a relação que tem com sua mãe a ajudou em sua aceitação, mesmo tendo que esperar um pouco. “Eu tenho uma relação muito próxima com a minha mãe, mas hoje eu vejo que arrastei um monte de códigos para manter essa relação, eu não tive uma personalidade de peitar, então eu fui muito ao tempo dela”.
O diretor Eduardo Ferreira pontuou que o mais importante de trazer esse assunto é o debate. “Esse tema que é tão importante nos dias de hoje e eu fico muito feliz por ter esse momento de diálogo e debate. A percepção e o objetivo desse curta é mostrar que todos nós somos seres humanos e iguais”.
Em 2020, no Santos Film Fest, Ferreira lançará longa metragem “Porto Seguro”, que abordará as histórias de jovens LGBTQ+ que foram expulsos de casa após o momento da aceitação.
O Santos Film Fest ocorrerá entre os dias 23 de junho a 01 de julho de 2020.
Confira algumas fotos do evento, pelo olhar de uma de nossas fotografas, Maithê Blanc:
Victoria Capaldo: “Formada em jornalismo pela Unisanta, é apaixonada por cinema desde que se conhece por gente.
Gosta muito de assistir a séries, principalmente do universo adolescente, como Gossip Girl, Pretty Little Liars e Riverdale.”