Crítica - Doutor Sono - Engenharia do Cinema

publicado em:8/11/19 11:52 AM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

É um fato, o clássico “O Iluminado” ter se tornado um dos maiores suspenses/terror da história do cinema. A atuação visceral de Jack Nicholson e a direção de Stanley Kubrick, só foram um dos diversos destaques do filme, baseado no livro de Stephen King. Até hoje pode-se dizer que é um dos longas mais referenciados, pois quaisquer produções do gênero sempre acabam (em grande maioria) tirando alguma coisa da história deste.

Imagem: Warner Bros (Divulgação)

Quase 40 anos após o lançamento de “O Iluminado”, sua sequência baseada no livro “Doutor Sono”, do próprio Stephen King, chega aos cinemas.
A história mostra o que aconteceu com o filho de Jack Torrance (Jack Nicholson), Dan Torrance (Ewan McGregor). Carregado de um enorme trauma depois ocorrido no Hotel Overlook, na vida adulta ele passa os dias bebendo, se drogando e tendo casos com mulheres desconhecidas. Mas decidido a mudar de vida, vai para uma nova cidade, onde acaba tendo contato com uma garota (Kyliegh Curran) com os mesmos poderes que ele. Então ele decide ajuda-la a não ser capturada por um grupo satânico.

Imagem: Warner Bros (Divulgação)

Começo enaltecendo que o roteiro de Mike Flanagan (que também assinou a direção), gasta exatamente 60 minutos para apresentar os personagens e moldar a trama, com o propósito do espectador se familiarizar. Após fornecer o contexto complexo do enredo, o recurso se mostra extremamente válido, e quando a ação de verdade ocorre, já estamos completamente imersivos na história. São 151 minutos de projeção, e literalmente não acabamos sentindo este peso (na sessão que estava, não se via nem luzes de aparelhos celulares!).

As atuações também são o grande mérito da trama, onde McGregor consegue transpor muito bem os dramas, angustias e medos de Dan. Sem duvidas é um papel que sempre será lembrado em sua filmografia. O mesmo pode-se dizer de Rebecca Ferguson, que interpreta a líder do grupo satânico. Realmente ela encarou de cabeça o papel de vilã, pois além de ter um excelente material em mãos, ela soube a dosagem certa para lutar pelos seus ideais. Outra que surpreende é a novata Curran, que realmente consegue fazer uma coadjuvante convincente.

Os fãs do clássico de Kubrick, não ficarão na mão, pois Flanagan realiza algumas homenagens dignas (não irei mencionar quais são, pois entrarei em território de spoilers). Além disso ele sabe dosar a trama de uma forma, onde os flashbacks não atrapalham ou enjoam a narrativa (algo que prejudicou o recente “It: Capítulo 2”).

“Doutor Sono” é uma verdadeira aula de como continuar uma história clássica do cinema, sem prejudicar a imagem do que já se tornou importante.

Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



A última modificação foi feita em:outubro 3rd, 2020 as 22:20


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