Para Sempre Uma Lenda: Rubens Ewald Filho - Engenharia do Cinema
A primeira vez que tive contato com o Rubens Ewald Filho, foi em meados dos anos 90, quando ganhei um VHS do filme”Os Batutinhas”. Um pouco antes do longa começar, ele estava lá dando dicas do catálogo da Universal Pictures. Como eu era uma criança de 3 anos, não dei muita bola, afinal era um “velho falando coisas ‘bestas’ e eu queria ver o filme”. Eis que um tempo depois fui assistir a minha primeira cerimônia do Oscar, e lá estava “aquele velho”, novamente, mas dessa vez palpitando sobre esta e comecei a notar umas coisas desde cedo (sim, eu já era bem crítico com algumas coisas desde pequeno).
Foi aí que a minha vó materna, me falou que ele escrevia para o Jornal “A Tribuna”, sobre cinema, todas as sextas-feiras. Então virou um hábito desde sempre: comprar o jornal “A Tribuna”, todas as sextas-feiras, para ler as opiniões “daquele velho”. Quando via no início de uma analise, escrito “Por Rubens Ewald Filho, Critico de Cinema”, sabia que um texto de qualidade. O tempo foi passando, fui me desvirtuando de minha relação direta ao cinema. Porém tudo mudou MESMO quando comecei a ler outros críticos e vi que ninguém estava falando sobre cinema como o Rubens falava, muito menos focar naquilo que realmente era cinema. Então resolvi escrever sobre “O Lado Bom da Vida”, filme que teve a Premiere no “Cine Roxy” e rendeu a ele sua estrela na calçada da fama, naquele local onde pode-se dizer que ele e eu amamos frequentar.
Algum tempo depois, me alertaram que ele estaria presente no Pátio Iporanga para receber uma homenagem. Fiz questão de sentar perto do próprio, a poucos metros, pode-se dizer. Após aquele divertido bate papo, aprendi que ser da área do cinema, não é só “andar de nariz empinado e pagar de intelectual. É também ser feliz e transpor simplicidade”. Então em uma conversa informal, ele me forneceu seu e-mail pessoal e aí consegui obter alguns conselhos do mestre Ewald, sobre o que realmente devia focar nas minhas análises: o humor. Afinal de contas, ninguém realmente vai parar pra ler sobre um filme como “Ensaio Sobre a Cegueira”, e saber que é apenas sobre “um filme de pessoas que ficam cegas de X maneira”.
Eis que há quase um ano, tivemos nosso último encontro. Naquele mesmo local, e suas últimas palavras para mim foram: faça logo seu filme, pois não quero morrer sem assisti-lo e fazer minha crítica. Infelizmente o destino não atendeu esse desejo dele, mas onde quer que ele esteja, saiba que estou hoje aqui graças a ele! Descanse em Paz, grande amigo Rubens Ewald Filho!
Parabéns Gabriel, você nos deixou emocionados com esse lindo texto, eu e a Vilma sabemos das suas qualidades, nós temos certeza que onde ele estiver vai estar sempre lendo teus comentários sobre cinema