Por que "Vingadores Ultimato", merece ser indicado ao Oscar de Melhor Filme? - Engenharia do Cinema
Em julho deste ano, “Vingadores Ultimato” se tornou a maior bilheteria da história com U$2,797,800,564 bilhões de dólares. O longa encerrou um arco que havia começado com “Homem de Ferro”, em 2008, e foi uma verdadeira aula cinematográfica de que é possível sim, ter vários filmes se interligando em uma trama.
No passado, nós conhecíamos os então crossovers, com séries de TV como Chaves, Chapolin e outros personagens do Chespirito, pelos quais as histórias dos episódios tinham ligação direta com arcos centrais do primeiro.
No Brasil, os mais amantes da televisão podem falar que o principal crossover aconteceu em 2003, quando Gugu Liberato e Fausto Silva se juntaram para realizar uma ação beneficente da Nestlé, de uma forma inacreditável: através de seus próprios programas na Globo e SBT, ao vivo.
Nos quadrinhos o termo sempre foi conhecido, por grande parte das editoras e foi uma prática que sempre deu certo, pois era uma estratégia para ajudar nas vendas dos personagens, que não eram tão importantes.
Com a história de Tony Stark se tornando um sucesso inesperado, a Marvel (que na época pertencia a Paramount Pictures), iniciou seu audacioso projeto, cujo propósito era apresentar cada personagem principal da equipe de “Os Vingadores” (com exceção da Viúva Negra e Gavião Arqueiro, que ganharão produções nos próximos anos), antes do próprio filme. Cada trama levaria uma espécie de álibi, que os jogariam naquela trama do longa de 2012.
O filme literalmente foi um sucesso estrondoso, gerando milhões de dólares, memes, polêmicas e uma nova mania em Hollywood: os crossovers.
Anos se passaram e estúdios como a Warner Bros e Universal Pictures, até hoje não conseguiram fazer seus universos DC e Dark, darem certo. Mas o motivo é o mais simples de todos: eles não souberam domar seus personagens e mostrar ao público do “porquê” devemos nos importar com eles. Seja os heróis da “Liga da Justiça” ou “A Múmia”, protagonizada pelo Tom Cruise, estes filmes foram feitos apenas pensando no resultado nas bilheterias e não no dosamento dos caracteres e das tramas.
Todos eles, parecem que até hoje não entenderam que essa é a verdadeira “receita do bolo”: paciência.
O que a Marvel fez (agora em conjunto com a Disney), foi apresentar personagens, aos quais nos emocionamos com todos seus desfechos em “Vingadores Guerra Infinita” e “Vingadores Ultimato”. Atire a primeira pedra com quem não derramou uma lagrima com os desfechos de ambos os longas, após conferir todos os outros 21 longas que os antecederam.
O que muitos “pseudo-intelectuais” não param para analisar é a questão do que realmente está acontecendo com Hollywood, e a força que um longa metragem como “Ultimato” teve, em meio a um mercado que cada vez mais não consegue se superar.
O filme não se tornou a melhor bilheteria da história do cinema, ao acaso. Foram 11 anos montando um enredo para presentear seu público cativante que esteve sempre lá presente, para conferir cada “edição” nova nos cinemas. Seja dos heróis pequenos (“Homem Formiga”) aos mais fortes (“Capitão América”), a Marvel conseguiu literalmente transpor o mesmo efeito que era causados nas HQs, para o cinema.
“Mas você não falou onde entra o Oscar, nesses argumentos!” É ai que quero chegar na seguinte questão: Essa história, já vale toda a indicação ao Oscar de Melhor Filme! E pasmem, isso SEMPRE ocorreu na história do cinema. Seja com “Avatar” (que revolucionou a técnica 3D), “Titanic”, até mesmo “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” (cujo seus antecessores, sequer haviam levado como melhor filme).
“Ahh mas o Harry Potter também revolucionou o cinema, e não teve seu último filme indicado!” A resposta é simples: qual outro longa, cuja trama envolve magia, seres misticos e viagens por universos fictícios, já ganhou o Oscar? As obras literárias já foram consideradas no Oscar, mas até o presente momento, as HQs não.
Se “Vingadores: Ultimato” será indicado ou não nas principais categorias, só o tempo dirá. Mas em 2020 finalmente teremos uma disputa acirrada e provavelmente “Coringa” será a primeira adaptação de uma HQ levará o prêmio principal.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.