Crítica - Cats - Engenharia do Cinema

publicado em:26/12/19 9:05 PM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

NUNCA na história do cinema, algum longa metragem passou por tanto descaso por sua própria equipe e distribuidora quanto “Cats”. Sendo finalizado poucas horas antes da Premiere oficial, e sido reenviado para os cinemas com correção dos efeitos visuais três dias após a estreia oficial, não hesito em dizer que 2019 não só viu a maior bilheteria da história (“Vingadores: Ultimato”), como também o pior filme da história. Sim! Isso aqui bateu “Cada um Tem a Gêmea Que Merece” (o clássico da ruindade, com Adam Sandler).

Imagem: Universal Pictures (Divulgação)

A história é inspirada no famoso musical da Broadway, escrito por Andrew Lloyd Webber, e mostra a gata (ou será um novo ser que desconhecemos?) Victoria (Francesca Hayward), sendo abandonada por sua dona em um beco. No local ela faz amizade com diversos gatos de rua e a partir dai tudo soa bem mau explicado e banal.

A começar que os “gatos” foram feitos usando a tecnologia de captura de movimentos dos atores, mas como os efeitos visuais não foram finalizados a tempo ficou “normal” se ver mãos (algumas delas portando alianças) e pés HUMANOS durante todo o filme. E para não “assustar” o público, em determinado momento colocaram a personagem da veterana Judi Dench, para dizer ao público “agora você viu como os gatos são como os humanos?”. Não havia desculpa mais esfarrapada para o espectador comprar esse descaso.

Imagem: Universal Pictures (Divulgação)

Mas não são apenas os gatos que sofrem descaso na confecção, mas também há uma cena musical com ratos e baratas (PASMEM) sob efeitos visuais parecendo que foram feitos em um status do Instagram. Ainda durante a mesma sequência, alguns movimentos dos gatos não batem com o restante do corpo (parecendo gráficos do Playstation 1). E isso ocorrem mais vezes, durante o filme.

Com relação aos personagens, há aqueles que você pode odiar e ter aversão. Sim! Não há afeição ou motivação alguma que faça você ter apreço por algum deles. Mas de todos os nomes do elenco (que é composto por gente de peso como a própria Dench, Idris Elba e Ian McKellen), a que mais me deu raiva foi a personagem de Jennifer Hudson. Ela só não parece que está em outro filme, como seus números musicais estão completamente irritantes e não casam em momento algum com a narrativa. Antes que me perguntem, a Taylor Swift aparece em menos de dez minutos e simplesmente SOME (para ver tamanha importância de sua personagem), assim como outros atores. Acredito que o orçamento de U$ 100 milhões se deu APENAS para chamar essa galera toda pro elenco (onde acredito que não sabiam tamanha bomba que tinham se metido).

Lamentável ainda é ver o diretor Tom Hooper (vencedor do Oscar por “O Discurso do Rei”), que nos trouxe em 2011 o maravilhoso “Os Miseráveis” e agora não saber nem controlar direito cenas com coreografias. Vemos que não só os atores e dançarinos estão fora de ritmo, como muitos deles não estão a vontade com o trabalho que estão exercendo. Para não falar que todas as músicas são ruins também, apenas a canção de abertura é a única que “da pro gasto”.

“Cats” é o maior desserviço da história de todo o cinema, onde sempre servirá de lição para quaisquer distribuidoras que tem pressa de lançar seu longa, mesmo com ele não estando realmente pronto. Acredito que se fosse feito como uma animação ou um longa no estilo de “Planeta dos Macacos”, realmente teria sido um musical memorável e não uma das piores coisas já lançadas no cinema.

Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



A última modificação foi feita em:outubro 3rd, 2020 as 22:24


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