Crítica - O Escândalo - Engenharia do Cinema

publicado em:15/01/20 11:49 AM por: Victoria Capaldo CríticasTexto
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Levar o telespectador aos bastidores de uma das maiores polêmicas da mídia norte-americana é o propósito do filme “O Escândalo” (Bombshell, no original). Baseado em fatos reais, o longa retrata os eventos que antecederam o escândalo na emissora Fox News, em 2016, quando o CEO Roger Ailes (John Lithgow) foi acusado de assédio sexual por um grupo de mulheres jornalistas.

O filme biográfico, com pitadas de drama e comédia (o que pode não ter sido uma boa escolha, já que estamos falando de um assunto sério como o assédio sexual), mostra o impacto da acusação dentro da redação, na vida particular e profissional do CEO e de três jornalistas.

Imagem: Paris Filmes (Divulgação)

As atrizes Margot Robbie, Charlize Theron e Nicole Kidman ficaram encarregadas de trazerem vida às personagens principais da trama e o fizeram com extrema habilidade, dando um show de interpretação. Porém, Robbie se destaca ao mostrar uma personagem, criada apenas para o filme, que está buscando seu espaço na emissora. A atriz consegue trazer a verdade em sua atuação, arrebatando o público principalmente em cenas de mais emoção, o que acaba mostrando sem sombras de dúvidas, seu grande talento. Theron está incrível em seu papel de âncora de telejornal que não tem medo de ‘bater de frente’ com seus convidados, entre eles Donald Trump, que na época era um dos candidatos à presidência dos Estados Unidos. Mas Kidman, ao contrário das demais, acaba sendo deixada de lado em algumas cenas, apesar de sua personagem ter iniciado o processo de assédio contra o CEO. Porém, em outras, consegue mostrar que sua personagem é uma mulher forte e uma jornalista que está cansada de ser considerada um objeto, mostrando que quer uma mudança na emissora conservadora.

Um detalhe sobre o filme é que público vai assisti-lo esperando que haja certa união entre as mulheres, principalmente com as três protagonistas, mas não é o que acabamos vendo. Ao contrário do que promete o trailer e as divulgações, as personagens dividem poucas cenas, o filme é focado em realmente demonstrar suas vidas separadas e como cada pessoa lida com o assédio.

Imagem: Paris Filmes (Divulgação)

Outro ponto que não conseguimos deixar passar é a semelhança física entre as três, como se houvesse um padrão de mulher para trabalhar na emissora, além do vestuário ser basicamente o mesmo: vestido justo e curto, o que é sempre lembrado (seja em palavras ou gestos) durante o filme. O longa, em sua maioria, usa o plano geral, porém abusa do zoom durante cenas com mais carga dramática, o que funciona nesses tipos de momentos.

Há cenas no qual o telespectador é colocado em certas posições, onde percebe o que as mulheres passam para serem reconhecidas ou apenas permanecerem em seus empregos. Nesse sentido, souberam fazer um filme em que o telespectador precisa ter sangue frio para conseguir ingerir o que acontecia dentro da emissora. O filme em si é muito bom, consegue mostrar os bastidores do escândalo e traz nomes de peso em seu elenco, o que engrandece o longa-metragem, porém, o diretor Jay Roach (Trumbo: Lista Negra; Entrando Numa Fria Maior Ainda), não conseguiu mostrar a dimensão do delicado assunto que tinha em mãos, o assédio sexual. Há cenas que não precisariam estar no filme…

Victoria Capaldo: “Formada em jornalismo pela Unisanta, é apaixonada por cinema desde que se conhece por gente.
Gosta muito d
e assistir a séries, principalmente do universo adolescente, como Gossip Girl, Pretty Little Liars e Riverdale.”



A última modificação foi feita em:outubro 3rd, 2020 as 22:24


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