Vamos Recordar?: Johnny English - Engenharia do Cinema
Inspirado em uma série de esquetes criadas pelo famoso humorista inglês Rowan Atkinson (conhecido como Mr. Bean), durante o início dos anos 90, “Johnny English” é uma sátira aos longas da franquia James Bond. Curiosamente ele foi escrito por uma dupla responsável pelos textos de todos os últimos filmes de 007 (desde “007 – O Mundo Não é o Bastante” até o vindouro “007 – Sem Tempo Para Morrer”), Neal Purvis e Robert Wade. O mais interessante é que um dos primeiros trabalhos de Atkinson foi na comédia “007 – Nunca Mais Outra Vez”, que trazia pela última vez o ator Sean Connery na pele do agente Bond, em 1983, e satirizava todos os filmes estrelados pelo próprio.
Interpretando o personagem título, Atkinson faz uma persona um tanto que diferente das habituais personalidades do Mr. Bean (a única igualidade é na questão das atrapalhadas), a começar que ele já possui linhas de diálogo. Aqui, após todos os agentes do MI6 serem brutalmente assassinados em um atentado, acaba restando para o serviço secreto colocar no campo de batalha o agente responsável pela parte burocrática, Johnny English. Mas em seus primeiros dias na linha de frente, ele é encarregado de investigar o sumiço das Joias da Coroa Britânica, cujo principal suspeito é o magnata Pascal Sauvage (John Malkovich).
O principal fator para você gostar deste filme, além de ser fã do humor britânico (que costuma ser escrachado, em sua maior parte), é gostar do Mr. Bean. Desde a abertura, ao som de “A Man For All Seasons” do Robbie Williams, até o grande embate final, é totalmente humor um debochado. Mas por se tratar de uma sátira, até me surpreende os cuidados que o diretor Peter Howitt teve com suas sequências.
As cenas de perseguição automobilística e quando English e seu parceiro Bough (Ben Miller) estão descendo de paraquedas no prédio de Sauvage, conseguem ser melhores até que muito grande blockbuster recente (não estou brincando!). As atuações não acabam sendo o grande mérito, pois temos um enredo que em momento algum se leva a sério (o que acaba, consequentemente, sendo previsível).
“Johnny English” consegue ser melhor e muito mais divertido que muitas sátiras recentes a longas de espionagem. Mas foi uma pena que esta franquia não acabar decolando tanto como deveria.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.