Crítica - Coringa - Engenharia do Cinema
Desde sua primeira exibição no Festival de Veneza (onde acabou vencendo o prêmio de Melhor Filme), a ansiedade perante o longa “Coringa”, cresceu. A história mostra como o pacato Arthur Fleck (Joaquim Pheonix) se transformou no temido Coringa, que é o maior vilão das histórias do Batman.
Já aviso de antemão que não se pode começar a apreciar este filme, comparando com as versões anteriores do personagem. Seja o clássico de César Romero, o satírico de Jack Nicholson, o ícone Health Ledger e o “funkeiro” do Jared Leto. Todas elas tiveram sua abordagem dentro do contexto que estava proposto. Como a trama criada por Todd Phillips (que também assina a direção) e Scott Silver procura focar em algo totalmente original, vemos que desta vez não teremos um simples filme da DC (o que automaticamente descarta comparações com outras atuações).
A começar pela narrativa que mescla clássicos como “Taxi Driver” e “O Rei da Comédia” (ambos estrelados pelo coadjuvante de “Coringa”, Robert De Niro e comandados por Martin Scorsese), e nesse paradigma começa o desenvolvimento da personalidade de Arthur. Pheonix está realmente assustador, onde a tensão em cima da trama ganha mais notoriedade a medida que ocorre a desconstrução de seu personagem. Phillips foca em explorar a personalidade deste com constantes enquadramentos em seu perfil e sequências onde o mesmo está sozinho “estudando” como exercer seus sonhos de ser um humorista stand-up ou até mesmo as suas constantes crises de risos (em decorrência de um problema mental). Sem dúvidas o Oscar de melhor ator em 2020, já é de Joaquim Pheonix (vale destacar que ele emagreceu muito para o papel e isso já é um quesito para o para sua vitória).
Os coadjuvantes vividos por De Niro e Zazie Beetz (a Domino, de “Deadpool 2”) possuem atuações muito boas e momentos extremamente tensos e inacreditáveis com Pheonix (que literalmente não dá chance pra ninguém).
Agora voltando para a questão da direção de Phillips, ele referenciou muito o estilo de abordagem de Martin Scorsese. Seja através da narrativa de um personagem em uma cidade perante o caos ou no excesso de violência (há muito gore, mas nada gritante e uma hora chega a rolar um breve humor negro). Diferente das outras adaptações do personagem, o longa tem como propósito mostrar o quão uma sociedade pode corromper na personalidade de uma pessoa. A todo momento sentimos nojo, raiva e indignação de como Gotham é uma cidade extremamente rude (vale destacar que estamos vendo tudo do ponto de vista do Coringa).
“Coringa” é uma obra prima, a qual não veremos tão cedo nos cinemas. Será uma produção que, daqui pra frente, será muito referenciada por outras, e provavelmente, renderá diversos Óscares.
Obs: o filme NÃO POSSUI cenas pós créditos.
Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Critico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.
Valeu garoto, uma bela narrativa sobre o filme, irei ver breve