Crítica/explicação - Tenet (com spoilers) - Engenharia do Cinema

publicado em:29/10/20 10:22 PM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto
Apoio

Quando saí da primeira exibição de “Tenet” há alguns dias, uma coisa foi certa: era necessária uma segunda crítica sobre o filme com explicações sobre a trama. Ao postar a versão sem spoilers desta análise, percebi que muitas pessoas que também haviam visto o longa e não haviam entendido nada. Antes de redigir este texto, optei por conferir o mesmo nos cinemas novamente. Por isso, se você ainda não conferiu o filme, sugiro que passe longe do que virá a seguir, pois haverão spoilers PESADOS da trama.

Imagem: Warner Bros. (Divulgação)

Após falhar em uma missão, o protagonista (John David Washington) acaba sendo recrutado para um novo trabalho, um tanto que complexo, onde ele terá de impedir um bilionário (Kenneth Branagh) de ativar uma bomba que poderá causar sérias consequências. Isso seria “simples”, se o próprio não tivesse desenvolvido um universo reverso, ou seja, nesta missão ele terá de “andar no sentido oposto”, caso queira solucionar o caso.

Imagem: Warner Bros. (Divulgação)

Conhecido por fazer tramas complexas e confusas, o cineasta Christopher Nolan não só arruma espaço para referenciar seus trabalhos antecessores, como também fazer uma história original. Os fãs mais aficionados notarão referências a “Interestelar” (na questão do protagonista ter lutado com ele mesmo sem que ele soubesse até chegar nessa etapa na narrativa); a complexidade na hora de lidar com padrões da ciência como “A Origem” (o que fez muitos acharem que esse era uma sequência deste, e definitivamente NÃO É) e não poderia faltar a cena épica do ataque dos aviões em “Dunkirk“, onde a tomada dos aviões no arco da batalha final remete e muito ao que vimos no filme de 2018. Isso sem mencionar a sequência da estrada, que remeteu ao que costumamos ver na trilogia de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Sim, meus caros leitores, Nolan fez uma mera referência a si próprio em vários momentos de “Tenet“. Isso não atrapalha em nada a narrativa, muito pelo contrário, só demonstra que o cineasta possui muito carinho pelo que ele já trouxe aos cinemas.

Uma questão que causou bastante confusão na maioria dos espectadores foi o arco final envolvendo o personagem de Robert Pattinson (que está muito bem no papel), Neil. Nolan deixa um arco de suspense envolto a ele o tempo todo, porém, ele joga uma brecha sobre o que poderemos ver sobre este durante a conversa sobre “Paradoxo” com o protagonista, dentro do contêiner. Ele deixou claro, um pouco antes, que trabalha com vários agentes pelo tempo, onde um time fica viajando no mundo retrógrado (do futuro para o passado) e outros no presente. O que nos faz chegar a conclusão que o próprio protagonista assume o manto da agência de agentes para esta função no futuro e escalou Neil para viajar ao passado. Mas, como eles não podem se encontrar com suas outras versões (se não eles acabam entrando em óbito momentaneamente, segundo a analogia criada pelo próprio Nolan), a situação toda foi mantida em segredo, até o desfecho do filme (abrindo até uma porta para uma sequência, inclusive).

“Eu entendi isso Gabriel, mas e a bomba? Por que cada um ficou com uma parte e se distanciou do outro?” Porque, se elas estiverem juntas quando o seu mentor vir a óbito, podem causar o cataclismo global (graças a programação feita pelo vilão vivido por Branagh). “Mas e a relação de Kat e Sator, há alguma coisa complexa por trás daquilo?” Honestamente foi o único arco que Nolan não soube desenvolver mesmo, pois, apesar dele mostrar o tempo todo o quão ele era violento com ela, parece que o foco da trama é desviado um pouco quando foca neles (ainda mais pelas insistências sem sentido do protagonista em salvá-la, mesmo não havendo algum interesse amoroso ou algo do tipo).

Com estas explicações bem sucintas sobre a trama de “Tenet”, espero que agora você fique motivado para rever o filme e consiga caçar mais referências e novos detalhes.

Gabriel_Fernandes

Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta, Crítico de Cinema e agora Radialista na Rádio RVD, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



A última modificação foi feita em:janeiro 20th, 2021 as 15:22


Post Tags

Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


Comentários


Não entendi uma coisa: na hora em que o bilionário morre, o artefato ainda está com todas as partes unidas. A bomba era apenas para deixar o artefato inacessível, permitindo que fosse acionado, sem ninguém interferir. Mas esse acionamento não ocorreria exatamente 10 segundos após a morte do bilionário?
Somente momentos depois (bem mais que 10 segundos), quando eles são retirados do “buraco” onde explode a bomba, é que um deles divide o artefato em três partes. Neste momento o artefato já deveria ter sido acionado, não?

Responder

O filme é um copilado de tudo que Nolan fez até o momento.
Assim como O Grande Truque o “seu” outro morre e mesmo assim o personagem continua.
Assim como em Interestelar se muda o passado para garantir o futuro.
Como em Batman temos um vilão que deseja apenas colocar “fogo na floresta”.
As imagens aéreas e do mar são muito parecidas com Dunkirk.
A linguagem usada é o mesmo de Á Origem…onde um detalhe faz toda a diferença…vc nunca sabe em que realidade está.
E para completar…o filme tem muito de Amnésia ..se usa o inverso (de trás para frente) como uma ferramenta de linguagem.
O filme não homenageia apenas o próprio diretor…o filme bebe nos seus antecessores…mesmo não tendo o irmão no roteiro…o filme usa e abusa das ideias do irmão.

Responder

Sinceramente, aquilo não era uma bomba, era o “algoritmo” para fabricar a máquina de inversão. Todas as peças precisam estar juntas para funcionar, quem quer que saísse com o artefato completo daquele buraco eventualmente se tornaria o novo Sator, pois iria brincar com o tempo reverso.

Tem muitas partes que de fato são muito complexas e precisam ser assistidas com atenção, eu só vi o longa uma única vez, mas venho quebrando a cabeça pra juntar algumas peças.

Algumas coisas interessantes surgiram na minha mente.

Primeiro, a reversão de tiros só é possível se o protagonista já o tiver feito, ou seja, naquela rocha em que ele aprende o conceito, ela veio da missão final naquele local isolado, a rocha é de lá e os tiros que ele “coleta” foi ele mesmo quem disparou, por isso a coleta reversa.

A máquina de inversão, podemos vê-la três vezes durante o filme, uma é no compartimento no aeroporto, quando a pessoa entra naquele dispositivo com a porta giratória ela sai do outro lado “invertido”, tanto é que sempre que acontece os personagens estão de máscara de oxigênio. A segunda é durante a ameaça do vilão a sua esposa e a terceira no conflito bélico final.

A luta do Protagonista contra ele mesmo, se dá de uma forma genial (ponto alto do filme pra mim, inclusive) pois ele está no reverso enquanto a versão mascarada dele luta no sentido normal, por isso a coreografia estranha.

A respeito da BOMBA, não há bomba, o que há é o efeito cataclísmico do futuro regredir para o passado e o passado avançar para o futuro, no encontro destes pontos há uma colisão que põe fim na humanidade. Inclusive, este é o gesto com as mãos (dedos entrelaçados se contrapondo) quando TENET é explicado para o protagonista.
O artefato na casa de ópera e o que é encontrado dentro da maleta no carro forte são pedaços do dispositivo que tem a fórmula (algoritmo) da máquina de inversão. No final do filme, estas partes são propositalmente separadas para ninguém ter acesso ao todo.

Não há bomba, não há plutônio, não há ameaça nuclear.

Isso foi o que eu entendi do filme, mas preciso ver uma segunda vez, pois alguns conceitos ficaram fora da minha compreensão, principalmente do tiro na cabeça do Neil, no final do filme, que foi revertido mas de uma forma estranha que não consegui captar.

Responder

Com essa sua explicação tô achando q o filho da mulher vai crescer e ser o Pattinson, pois o próprio Niel disse: q para o protagonista a trama estava começando (ou na metade, n lembro mais exatamente o que ele disse antes de se separarem) , mais para ele próprio (niel) ainda viria mais anos. Porém queria entender como ele morreu lá dentro da mina antes de todo mundo, ms ele já tava naquele presente voltando no carro pra puxar o pessoal de carro. E continuar vivo, se ele morreu. Pensei q poderia ser pela teoria de poder matar certas pessoas sem haver alterações. Ms só foi um pensamento, nem sei como isso se organizaria, nem Como teria sentido no filme. Acho q fiquei doida. Kk

Responder

Lembra que a mulher falou que se matasse o avô o neto não morreria? É ppr isso que mesmo o neil morto la dentro(futuro) o neil do passado não tava morto. Não faz diferença sendo que você esteja vivo em algum presente

Responder

Lembra que a mulher falou que se matasse o avô o neto não morreria? É ppr isso que mesmo o neil morto la dentro(futuro) o neil do passado não tava morto. Não faz diferença sendo que você esteja vivo em algum presente

Responder

Gostei muito, sou muito fã do Nolan, só uma obs: Não entendi o começo, e no fim parecia que estava no início! kkkkkkkkkkkkkkkk
Vou ter q rever umas 10x pra conseguir entender!!!

Responder

Adicionar Comentário