Versátil Home Video irá inaugurar nova loja nesta segunda-feira; Conheça a história da marca - Engenharia do Cinema

publicado em:9/08/21 12:00 PM por: Gabriel Fernandes EntrevistasMídia FísicaNotícias

Já não é novidade na comunidade dos colecionadores que a Versátil Home Video vem conquistando o carinho e respeito de todos. Sendo considerada a principal loja e distribuidora quando o assunto é cinema independente e alternativo, ela vem chamando bastante atenção nas últimas semanas por conta dos lançamentos das edições de luxo dos filmes “Parasita” e “Midsommar – O Mal Não Espera a Noite” (cujas vendas já passaram das 700 unidades, mesmo ainda estando em pré-venda).

Nesta segunda-feira, 09 de agosto, a loja irá inaugurar seu novo site (sendo no mesmo endereço de sempre) com uma proposta de um atendimento e possibilidades mais viáveis para os clientes, além de claro, um novo visual. Um dos responsáveis pela marca, André Luiz Melo, conversou conosco para contar como foi a trajetória da empresa, futuros projetos e bastidores do selo que existe no mercado há mais de 35 anos, e que vem de uma tradição familiar.

Engenharia: Como surgiu a Versátil Home Vídeo?

André: Nossa história começa em 1985, com a fundação da revista “Jornal do Vídeo” pelo meu pai, Oceano Vieira de Melo, direcionado para locadoras e lojistas que comercializam títulos em VHS DVD. Ali onde nossa família iniciou e começou no universo do home vídeo, além de matérias e relatórios de vendas das bilheterias dos filmes nos EUA (norteiam comerciantes a compra quantidade de filmes X ou Y das distribuidoras).

Em 1999 com a vinda da internet e a rápida popularização do DVD, meu pai viu necessidade de uma distribuidora centralizada em filmes clássicos, onde haveria vez para grandes nomes do cinema mundial como Fellini, Bergman, Buñuel. Pois, as majors (grandes estúdios) estavam trazendo somente filmes recentes e comerciais. Essa é a principal natureza da Versátil, trazer arte.

André Luiz Melo mostrando o famoso “Troféu da Versátil”, acompanhado das grandes edições da empresas (Autor)

Engenharia: Vocês tiveram o prazer de pegar três fases da mídia física, VHS, DVD e agora o Blu-Ray. Mas no último foram criadas algumas coleções como “Essenciais” que trás consigo alguns filmes dos principais cineastas do mundo. Como surgiu essa ideia? Vocês planejam realizar outras coleções neste tipo?

André: Aproximadamente de 2011-13, o mercado estava cada vez menor: fechamento constante de locadoras, pirataria em excesso e streaming cada dia mais presente na vida das pessoas. A Versátil conquistou seu espaço nos box de DVDs temáticos onde não só obteve sucesso, que perpetuou sua continuidade nos lançamentos de mês em mês, chamando atenção do comércio de livrarias.

A ideia do Essencial, veio em trazer uma edição similar das linhas já lançadas como “A Arte de” e “O Cinema de”, porém em Blu Ray. No caso o Kubrick, o primeiro, seria atender uma demanda de títulos que haviam sido lançados em DVD e sem extras, enquanto havia masters fora do país em altíssima resolução.

Engenharia: Recentemente vocês divulgaram parcerias com a Califórnia Filmes, Europa Filmes, Paris Filmes e Mares Filmes (pelos quais algumas delas haviam abandonado a mídia física). Como vocês tiveram essa iniciativa para convencer algumas distribuidoras, para voltarem a investir neste mercado?

André: Os sócios dessas empresas sempre tiveram amizade com meu Pai (desde a Jornal do Vídeo), Fernando Brito (feiras e festivais de cinema) e meu irmão Juliano. Quando estávamos pesquisando alguns filmes para lançar em mídia física – principalmente em Blu-Ray, onde há uma comunidade mais ativa nas mídias sociais – nos esbarramos com antigos lançamentos realizados e nos deparamos com comentários de colecionadores de edições ‘muita cruas’. Após aquele período, havia também tido novas remasterizações fora do país: que poderiam ser aproveitadas.

Foi o momento de começar a fazer contas, relançar essas obras ou fazer uma ‘repaginada’ nelas? Qual edição compensaria, pensando em disponibilidade de material complementar e comercialmente falando? Elaboramos uma proposta e logo aceitaram. O resultado está tanto em algumas propostas que estamos encaminhando a outras empresas como já estão presentes na loja da Versátil: tanto em pré-venda como a pronta entrega.

Engenharia: Há alguns meses Versátil enviou um “troféu” para os 200 clientes que mais ajudaram a marca, realizando pré-vendas e várias compras nos últimos anos da marca. Em toda a trajetória da Versátil, qual foi o momento mais marcante para vocês?

André: Mais marcante para nós foi a realização do Box do Charles Chaplin, com todos os seus filmes, pois em nenhum lugar do mundo isso havia sido feito anteriormente. Para se ter uma ideia, na Europa os direitos estão divididos entre empresas que não se dão. Nós conseguimos negociar com estas, lançamos em edições de banca e passando os dois anos de exclusividade, conseguimos mesclar com outros conteúdos que já havíamos lançados pela Folha [de São Paulo, Jornal]. Isso virou item de colecionador extremo.

Outro que também foi a coleção do Glauber Rocha, onde o Fernando Brito foi até a Cinemateca e conversou com a família do cineasta, e fez uma edição com estes relatos, além de pegar extras e conteúdos que estavam mofando por lá. Isso também nunca tinha sido feito no Brasil. O resultado foi bastante emocionante inclusive para a própria família do Glauber, que chorava ao ver o conteúdo elaborado pelo Fernando.

Mas sem ser no contexto de montagem das edições, outra situação bastante marcante foi quando ficamos uma parceria com a Livraria Cultura, em meados de 2011/2012 e eles abraçaram a ideia dos nossos boxes. Batemos de frente com a pirataria, e foi um sucesso entre os colecionadores e a própria loja. Por fim, o último momento crucial foi quando abrimos nossa longa e-commerce [site da Versatil], que fez com que sobrevivamos nesta época, nos últimos dois anos.

Para acessar ao site da Versátil, Clique Aqui.

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Gabriel Fernandes: Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.



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