Considerações finais ao Oscar 2023 - Engenharia do Cinema

publicado em:13/03/23 11:57 AM por: Gabriel Fernandes ArtigosColunas

Como era previsto por muitos, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” levou os Oscars de Filme, Direção, Atriz – Michelle Yeoh, Ator Coadjuvante – Ke Huy Quan‎, Atriz Coadjuvante – Jamie Lee Curtis, Roteiro Original e Edição. Com vitórias merecidas, e até mesmo algumas emocionantes, pode-se dizer que foi uma premiação tecnicamente justa.

Porém, muitos não esperavam (inclusive este que vos fala) títulos como “Elvis“, “Os Banshees de Inisherin“ e até mesmo “Babilônia” (que aparentava ser favorito em Figurino, e perdeu para “Pantera Negra Wakanda Para Sempre“) saírem de mãos abanando. Já o dinamarquês “Nada de Novo no Front” surpreendeu e abocanhou quatro vitórias (Filme Estrangeiro, Fotografia, Trilha Sonora e Design de Produção), mostrando que cada vez mais o cinema além de Hollywood está se fortalecendo ainda mais.

Mas este Oscar ficará marcado pela vitória de atuação do quarteto composto por Brendan Fraser (“A Baleia”), Michelle Yeoh, Ke Huy Quan e Jamie Lee Curtis. Com discursos totalmente emocionantes, e com uma trajetória tensa no cinema em vários sentidos (inclusive Yeoh já foi coadjuvante de Fraser em “A Múmia: Tumba do Imperador Dragão”, de 2008), para quem acompanha cinema foi emocionante em vários sentidos.

E isso foi benéfico também, pois o espectador em sua maioria já estava cansado de ver discursos ativistas e políticos, ao invés do foco central que era o cinema e a trajetória dos próprios astros que estavam sendo premiados (sim, o glamour está voltando aos poucos). Inclusive, depois do incidente com Will Smith e Chris Rock, não havia mais espaço para piadas ou situações do gênero. Tudo era voltado para ser rápido e breve (com uma dupla de atores apresentando duas categorias, ao mesmo tempo, na maioria dos blocos).

Agora como tudo não é as mil maravilhas, a cerimônia acabou pecando um pouco em ter mais uma vez escalado Jimmy Kimmel para ser o apresentador oficial. Mesmo aparecendo pouco, poucas piadas suas realmente funcionam e às vezes o silêncio reinava no Dolby Theater. Tomara que na próxima edição sejam convocados nomes como Kevin Hart, Eddie Murphy e até mesmo Jimmy Fallon (que fez uma das mais divertidas cerimônias do Globo de Ouro).

Outro descuido foi o fato de terem feito uma decoração na entrada para transformar o dia, pela noite, com as paredes sendo repletas de cortinas vermelhas e o tapete da cor champanhe (ficou estranho também, pois era citado o termo “tapete vermelho” e não havia mais o mesmo ali).  

Imagem: HBO Max/TNT (Divulgação)

E como foi a transmissão nacional, por intermédio da HBO Max/TNT? Embora a qualidade de imagem estivesse ótima (o fator 4K fez a estatueta literalmente brilhar nas lentes), o trio de apresentadores composto por Ana FurtadoMichel Arouca e a atriz Camila Morgado realmente não sabiam absolutamente de nada que estava acontecendo realmente.

Enquanto a primeira assumiu que não tinha visto nada e não entendia sobre cinema, muito menos Oscar (chegando a dizer N vezes que Jamie Lee Curtis era protagonista da saga “Pânico”, ao invés de “Halloween”), o segundo mais uma vez alegou ter “visto todos os filmes”, não sabia comentar plausivelmente sobre a importância de “Top Gun Maverick” e “Avatar: O Caminho da Água” para o cinema. Isso quando não resumia opiniões a frases piegas como “necessário”, “maravilhoso”, “emocionante”.

Já Morgado realmente fez a escola com Glória Pires, pois a atriz em poucos minutos de sua aparição já fez o favor de soltar “Quem é Austin Butler?” (indicado ao Oscar, intérprete de Elvis Presley) e encerrar com “estou torcendo para ‘X’, na categoria de filme!” (que sequer estava sendo indicado a qualquer categoria no Oscar).

Isso quando não trazia para roda tópicos sobre “diversidade”, “racismo” e outros tópicos que só surgiram para esconder o quão eles não sabiam de absolutamente nada sobre o evento. E a Aline Diniz (que realmente entende do assunto)? Foi colocada para cobrir o tapete vermelho, e posteriormente sumiu. Um desperdício total. Inclusive, a própria edição da TNT errou em vários tópicos em seus vídeos informativos (com Cate Blanchett sendo vencedora de 1 Oscar, ao invés de 2; “Máquina Mortífera” sendo lançado em 2016 e etc).

Agora resta aguardarmos para ver se o Oscar 2024, continuará com estes mesmos erros grotescos vindo por parte da apresentação brasileira ou se irá inovar e colocar pessoas merecedoras de estarem ali.



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Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


Comentários


Quando liguei o canal, pensei que era alguma reprise de algum programa sobre culinária ou de entrevista. Simplesmente ridículos os comentários ou a falta destes sobre os filmes indicados ao Oscar.

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