Crítica | Segunda parte de 'Duna', troca o sonífero pela ação desenfreada - Engenharia do Cinema

publicado em:3/03/24 9:44 PM por: Gabriel Fernandes CríticasTexto

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Quando ficou encarregado de dirigir uma nova adaptação cinematográfica de “Duna”, o cineasta Denis Villeneuve (“A Chegada”) notou que era uma missão difícil, dada a complexidade da obra de Frank Herbert. Enquanto nomes como David Lynch (que fez a primeira e horrorosa adaptação de 1984) e Alejandro Jodorowsky (cuja versão estrelada por Mick Jagger sequer saiu do papel, nos anos 70) não conseguiram fazer isso de forma digna, o canadense propôs para a Warner dividir a adaptação em duas partes (embora a terceira já tenha sido confirmada por ele, na CCXP23).

A primeira parte (lançada em 2021) não fez um sucesso plausível, mas conseguiu explicar como funcionava aquele universo e seus personagens. Já esta segunda, possui o seguinte ponto: todos já sabem como tudo funciona, então vamos brindar o espectador com a mais pura ação, das formas mais bem exploradas neste cenário.

Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)

Começando no ponto onde o original parou, com Paul Atreides (Timothée Chalamet) sendo visto como um novo Messias e unindo forças com Chani (Zendaya), Stilgar (Javier Bardem) e os Fremen, nativos de Arrakis, para combaterem o exército do tirano ditador Baron Harkonnen (Stellan Skarsgård).

Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)

Villeneuve aposta desde seu princípio em continuar estabelecendo a jornada do herói de Paul (com um Chalamet totalmente a vontade), de uma forma digna e humana. Com seu treinamento ainda sendo proposto desde os primeiros minutos, principalmente na hora de domar os Shai-Hulud (que são as “minhocas gigantes, que aparecem na areia”), continuamos desenvolvendo a empatia por sua trajetória, principalmente sua química excelente com Zendaya (cuja personagem é realmente uma guerreira convincente, ao contrário das Galadriel da vida em “Os Anéis de Poder”).

Ao mesmo tempo, o roteiro ainda encontra brechas para continuar contando dignamente as histórias da mãe de Paul, Jessica (Rebecca Ferguson, em uma das mais interessantes subtramas); do misterioso e psicopata sobrinho de Baron, Feyd-Rautha (Austin Butler, em excelente atuação); e ainda prepara terreno para o arco envolvendo o Imperador (Christopher Walken) e sua filha Irulan (Florence Pugh), que possivelmente serão melhor explorados na terceira parte. O mesmo pode-se dizer da misteriosa Lady Margot Fenring (Léa Seydoux), que aparece relativamente pouco também.

Embora o cenário em sua maioria seja em pleno deserto (cujas cenas foram gravadas nestes locais, em Jordânia e Abu Dhabi), os efeitos visuais em torno das cenas de ação continuam sendo o grande destaque. Com uma mescla de efeitos práticos com CGI, fica perceptível que Villeneuve não queria beber apenas de explosões baratas e naves atirando. Uma vez que há as clássicas batalhas de espadas, lutas de corpo a corpo, perseguições e principalmente: não há espaço para a lentidão tão criticada na primeira parte.

Com quase três horas de duração, o ritmo criado nas cenas de ação, entrelaçado com a narrativa dramática, não faz nos faz sentir esta metragem (remetendo até mesmo a “Vingadores Ultimato” e “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, embora aqui não se trate do último filme da saga).

“Duna – Parte 2” tira seu título de sonífero, apresentando ótimas cenas de ação em torno de um universo cujo potencial seguirá sendo explorado pelo cinema nos próximos anos.



A última modificação foi feita em:maio 3rd, 2024 as 01:16


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Engenheiro de Computação, Cineasta e Critico de Cinema, resolveu compartilhar seu conhecimento sobre cinema com todos aqueles que apreciam essa sétima arte.


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