Crítica | 'Wish' não faz jus aos 100 anos da Disney, e nos faz ter o desejo de uma animação melhor - Engenharia do Cinema
Em comemoração aos 100 anos de fundação da Walt Disney Pictures, o estúdio procurou realizar justamente mais um longa de contos de fadas (gênero que fez o estúdio se estabelecer no mercado). Sem tantos alardes (ou divulgações), foi então que nasceu “Wish – O Poder dos Desejos”.
Com um roteiro previsível, desinteressante e repleto de clichês, ele procurou apenas se segurar no fato de ter vários easter-eggs das produções que marcaram o estúdio (como “Cinderela”, “Branca de Neve” e “A Pequena Sereia”) e vender isso como uma “carta de amor a Disney”. Porém, a única coisa que sentimos é mais uma fraca produção voltada para os adultos, ao invés das crianças (que apenas vão se apegar nos animais e no estilo da animação).
Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação)
A história é centrada na jovem Asha, que ao completar 18 anos vai até o palácio do Rei Magnífico para lhe “fornecer” o seu maior desejo, para que futuramente ele consiga realizar. Mas após ela descobrir que ele é um tirânico, Asha acaba acidentalmente desenvolvendo um ser repleto de energia chamado Star, que tem como poder realizar estes desejos.
Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação)
Chega a ser engraçado que nos deparamos com a ótima roteirista Jennifer Lee (responsável pelos dois “Frozen” e várias outras animações da era do ouro da Disney) envolvida nesta fraca produção. Com auxílio na função vindo também de Allison Moore (que apenas escrevia produções pequenas, voltadas para televisões e streamings), e provavelmente de outros executivos do Mickey (que cada vez mais vivem em um universo inexistente), fica perceptível que este filme foi um verdadeiro remendo de várias coisas.
Quando mergulhamos na trama nos minutos iniciais, tudo acaba sendo previsível por conta das facilidades narrativas. Aqui não existe um motivo plausível do povo idolatrar o Rei Magnífico (que nitidamente foi inspirado em líderes ditatoriais, e apenas os adultos irão entender esta referência); Asha em momento algum convence como uma Princesa Disney que devemos torcer; Star é uma das melhores coisas, mas é uma nítida cópia a estrela do Super Mario Bros (que inclusive roubou a cena no filme deste personagem).
Para esconder estes descuidos no enredo, entram em ação os personagens de outras produções da Disney, pelos quais aparecem apenas em momentos chaves, com o intuito de desviarem a atenção do espectador para estes erros absurdos na trama. Mas nem os cavalos de “Enrolados” e “Frozen” salvam nestas horas.
No meio de tanto tédio e bizarrice, as canções não são sequer marcantes ou interessantes, o que parece que os números musicais não possuem a vida e magia conhecidas das obras do estúdio Disney. Embora o visual, que mescla animação em desenho 2D e 3D, funcione perfeitamente.
“Wish – O Poder dos Desejos” acaba sendo mais uma comprovação de que realmente a Disney estava uma bagunça, onde as novas mudanças que estão sendo feitas dentro do estúdio (pelas quais já jogaram muitos filmes para 2025), farão com que produções como esta, não sejam mais desenvolvidas desta maneira.